28 de fev. de 2011

O Risco do Desequilíbrio Financeiro

Vi o sistema financeiro ganhar mais do que os sócios, em vários casos que participei, apesar deste estar dedicando menos tempo e menos capital que os donos.
O motivo deste desequilíbrio é na verdade originado em outro desequilíbrio muito comum principalmente nas pequenas e médias: o do capital de giro.
Uma empresa industrial, por exemplo, precisa de dinheiro para comprar insumos, dinheiro para pagar a mão de obra que transformará esse insumo, dinheiro para arcar com os custos mensais das instalações onde se processará essas transformações e dinheiro para pagar a administração da empresa nesse período para somente depois tê-la pronta para vender. Após a venda ainda terá que pagar os impostos que se originaram desta transação, receber os valores se esta for a prazo,  e ainda dar um destino ao lucro que conseguiu. Pode ser que a empresa consiga pagar vários dessas obrigações após o recebimento da venda, porém o mais comum é não conseguir uma composição de prazos onde se tenha fluxo positivo ou zero, apesar de existir alguns casos.
O capital de giro é o valor que necessitamos para que, em um nível de atividade X, a empresa rode de forma perfeita, sem necessidade de recorrermos a fontes de financiamento extras no meio do caminho. E a gestão deste é o gerenciamento dos prazos de pagamentos e recebimentos para que possamos reduzir sua necessidade e até transformá-la numa necessidade negativa (recebimento da venda antes dos pagamentos).
Alguns fatores influenciam a diminuição do Capital de Giro Disponível de forma mais acentuada, dentre eles destaco: venda com prejuízo, inadimplência, compras de imobilizado a vista, entre outras.
Outros fatores influenciam o aumento da Necessidade deste Capital de Giro que dentre eles destaco: Aumento do prazo de recebimento das vendas e diminuição do prazo de pagamento das compras e despesas, além e principalmente no caso das médias e pequenas do crescimento do nível de atividade, entre outras.
Quando uma empresa se preocupa com números como: aumento das vendas, aumento da produção, aumento no quadro de funcionários, etc, querendo demonstrar para os stakeholders (partes interessadas) que está crescendo, é um dos mais fortes sinais vermelhos que podem acender, pois, o fator que deve limitar o crescimento de uma empresa em primeiro lugar é o investimento que será necessário em capital de giro, pois esse pode em muitos casos reduzir em muito ou até adiar os planos de crescimento da empresa.
Se essa situação não for observada, ocorrerá um verdadeiro “corre-corre” dos sócios e do pessoal da área financeira atrás de dinheiro (empréstimos dos bancos, aplicações dos sócios, amigos, investidores) e em pouco tempo o principal acionista da empresa fica sendo o sistema financeiro e, se não forem tomadas medidas amargas e duras para solucionar essa situação o próximo passo é a insolvência ou falência.
Um agravante nessa história é que os sinais deste desequilíbrio são muito sutis e se a empresa não tiver um sistema de informação bem estruturado, poderá não reconhecer esse processo.
Assim, o Risco do Desequilíbrio Financeiro pode ser o maior desafio do empresário num processo de crescimento, pois este pode levar a empresa a trabalhar para o mercado financeiro e/ou a falência desta sem que se perceba.

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